A quem queremos enganar? Todos sentem falta do ingresso caríssimo, do espaço mínimo entre as fileiras lotadas, os “vizinhos” inconvenientes, luzes de celular sempre acesas, pessoas que conversam em momentos de tensão e de bebês que choram por literalmente qualquer barulho de metralhadora no John Wick 3 – ok, talvez este último caso não seja atemporal como os outros citados. Mesmo assim, a experiência de cinema é quase há mesma desde sua criação, há mais de um século. O que muitos se esquecem é da facilidade de acesso com espetaculares catálogos dos serviços de streaming (e on-demand) na ponta de nossos dedos. A qualidade de produção e de reprodução atingem níveis ainda maiores a cada estreia da Netflix, por exemplo. Só nos resta o setup perfeito, certo? Pois a quem busca uma atmosfera ainda mais fiel terá um prato cheio com o LG Cinebeam TV, projetor 4K com interface e conexões de uma smart TV intermediária. Nestas últimas semanas pude testá-lo e te conto aqui neste review o quanto a minha saudade pelas telonas foi substituída por esta “telona” de 140 polegadas.
Tecnologias de imagem e som
A caixa branca compacta (31,5 x 21 x 9,4 cm) do Cinebeam TV HU70LA LED pode projetar imagens em resolução Ultra HD com 8,3 milhões de pixels. Por mudar o convencional sistema LED de três cores, ela conta com a tecnologia Wheel-less de 4 canais, sendo a adicional “verde dinâmico” – somada ao RGB comum, de vermelho, verde e azul. A individualização delas resulta em imagens muito mais nítidas sem “vazar” no usual efeito arco-íris. Na parte de cima dele, temos uma roda de controle do zoom (mecânico, da lente), o botão on/off e atalho de ajuste do foco. Fora isso, o Cinebeam tem perfil clean, bem minimalista, que combina com qualquer setup tanto no teto como sobre uma mesa. Dos lados, há saída de ar e de som estéreo. Por sinal, mesmo que possua saída de ar ele é relativamente silencioso – até o speaker dele em volume baixo ameniza o ruído. Em breve comentário sobre a montagem, damos nossas condições de teste: o Cinebeam TV estava a 3,5 metros de distância da parede projetada, sobre uma mesa (1 metro de altura), e resultou em uma espetacular tela com quase 3 metros de largura. Por referência, as telas de projeção de 120″ geralmente tem 2,6m de largura, em proporção 16:9. Bastou ligá-lo na tomada, apertar o botão “on” e em menos de 15 segundos ele esteve operacional. A agilidade se dá pelo fato de não precisar esquentar uma lâmpada , como no caso de outros projetores. Em questão de imagem, o projetor transborda qualidade, em contraste (HDR 10) e cores complementados pela altíssima definição da tela. Com brilho de 1500 lumens (ANSI), você dispõe de modos de visualização como nas smart TVs da LG, mas preferimos testá-lo no perfil de Cinema por motivos autoexplicativos. Os tons de preto parecem mais acinzentados do que em televisões, dado que ainda é uma “luz” emitida do aparelho, porém, com uma tela apropriada essa diferença é amenizada. Como mostrado na galeria abaixo, a navegação pelos serviços Netflix e Prime Video mostra as opções “Ultra HD 4K” e “HDR“, respectivamente: Falando sobre o som, temos uma dupla de speakers de 3W (estéreo) embutidos no projetor. Como pode-se imaginar, este é um ponto fraco esperado do produto. Claramente o sistema de áudio serve mais como um auxiliar a quem não possui caixas de som externas, mas mesmo aquelas portáteis de formato cilíndrico — como as competentes LG XBOOM Go PL — já dão uma boa diferença, em conexão via bluetooth ou cabo auxiliar. Porém, espero que se você estiver com excesso de ânimo (e dinheiro) para investir em uma configuração digna, um home-theater será mais do que bem-vindo — ou quem sabe a soundbar LG SL9YG, que também atende com maestria quem gosta de som potente e de qualidade. Veja também nosso vídeo sobre:
Conectividade
As conexões, todas na parte de trás, impressionam: 2 HDMI (um deles ARC), 1 USB-C, 2 USB-A, saída de áudio P2 (fone de ouvido), LAN, entrada de sinal de TV a cabo e saída óptica de áudio. Somado isso à interface simples e o setup de ligação ao Wi-Fi, vemos que a variedade de entradas serve como maneira de reafirmar que o projetor foi feito com objetivo de substituir a smart TV. A função SmartShare (Miracast), presente no Cinebeam TV, permite projetar a tela do celular para facilitar o trabalho de quem preferir aproveitar o conteúdo do smartphone na telona. E tratando da conectividade, ainda há integração com o sistema ThinQ AI, da casa conectada em dispositivos LG. Você pode, por exemplo, controlar o projetor via aplicativo e dar comandos de voz em outros aparelhos que reconheçam a função (como soundbars e smart TVs).
Interface
Por ter sistema webOS 4.5, o CineBeam TV funciona de forma intuitiva como as smart TVs da fabricante. Há três telas principais: a barra de navegação inferior (navegar pelos apps e serviços), o atalho rápido de configurações do lado esquerdo (modos de imagem, perfis de som, conexões sem fio etc.) e o menu completo de configurações (bloco maior, tomando boa parte da tela). A tela reduzida na base com certeza merece destaque, pois mostra uma prévia do conteúdo dos serviços e tem um lembrete fixo com o último app aberto, à esquerda da lista. O controle remoto remete um pouco de nostalgia nos (esquecidos) controles do Nintendo Wii, onde basta apontar para a tela e ver o cursor representado. Diferente do videogame, ele dispensa uma barra que detecte a sua mira: os sensores estão embutidos no próprio Magic Remote, nome deste controle da LG que também está em algumas linhas de smart TV, como a LG OLED CX. A diferença maior é que este não possui assistente de voz integrado, mesmo que tenha o orifício na parte superior onde iria o microfone, bem como o botão de ativação que foi substituído por uma lupa (pesquisa rápida por texto, dentro do webOS). Pelo menos, possui a mesma iluminação das teclas no escuro. Convenhamos que, no caso de uma TV, a obrigação da precisão milimétrica para selecionar a opção desejada não funciona tão bem como a navegação em uma tela superior a 100 polegadas. Em ambos os casos, é questão de costume até “pegar o jeito” de balançar o controle e levar a mira até a quina da tela, para só depois encontrar o cursor e mirar onde quiser. No Magic Remote também temos o botão de confirmar seleção substituído por um scroll (a rodinha do mouse), que leva prática para “só” apertar – sem girar e ativar o modo scroll por acidente.
Conclusão sobre o LG Cinebeam TV
O Cinebeam TV chega em meio a tempos onde temos incerteza sobre lançamentos do cinema. Produções grandes são adiadas (filmes da Marvel e Duna são alguns dentre dezenas) ou encontram seu lugar nos serviços de streaming e on-demand (como Emma, You Should Have Left e animações Disney). O conforto de casa junto de poderosos equipamentos de imagem e som atuam como substitutos obrigatórios aos amantes da sétima arte, que estão em completo estado de abstinência há meses. Por isso, um projetor prático desses encontra seu lugar nos corações daqueles que simplesmente querem ver um filme em tela grande – é pedir demais? – e se despreocupar com o mundo lá fora. A excelente resolução 4K somada à fácil interface pesa bastante para quem considera a aquisição de uma smart TV, que estaria (em média) duas vezes mais cara se considerarmos uma relação entre valor e dimensões da tela. Logo, tratando de relação custo-benefício: LG Cinebeam TV pode ser encontrado por R$ 9.289 (Carrefour). Então, por fins de comparação, uma smart TV da concorrência (4K, de entrada) de 82 polegadas, por proporção de tela e resolução de imagem custaria mais de R$ 16 mil em uma versão de 100 polegadas. A própria LG faz televisões grandes, com 8K de resolução, por essa mesma faixa de preço (NanoCell, no Magazine Luiza) mas a média de tamanho não passa de 65/75 polegadas. Se na sua situação os pontos principais são qualidade de imagem e resolução da tela, sem importar-se com detalhes refinados como tecnologia do display, vale a pena repensar a troca de uma televisão por um projetor. Por isso o LG Cinebeam TV serve em especial para quem tem um cômodo em casa onde há total controle sobre a iluminação (se você puder diminuir as luzes ou deixar a escuridão tomar conta, ainda melhor), porque ele ainda é um projetor, logo, depende deste fator externo. O único grande ponto negativo é que o Cinebeam TV entrega uma qualidade de som amadora, fator compreensível se lembrarmos que ele é um projetor super compacto. Comparado a outros projetores 4K, dos poucos existentes ao redor do mundo (e ainda a menor quantidade que chegou até o Brasil), esta é uma saída extremamente econômica arranjada pela LG. Até segunda ordem, este é o mais perto que temos de aproveitar um bom filme em tela grande. E aí, um projetor (como o LG Cinebeam TV) irá tomar conta da sua sala? Conte para a gente nos comentários!
Especificações técnicas
